Portugal Colonial - Coalizão do chefe de Governo alemão em apuros após resultados das eleições europeias

Coalizão do chefe de Governo alemão em apuros após resultados das eleições europeias
Coalizão do chefe de Governo alemão em apuros após resultados das eleições europeias / foto: JOHN MACDOUGALL - AFP

Coalizão do chefe de Governo alemão em apuros após resultados das eleições europeias

O duro revés nas eleições europeias abalou a coalizão do chefe de Governo na Alemanha, Olaf Scholz, já em apuros, e aumenta a pressão contra o líder, em meio a apelos a uma mudança de rumo ou mesmo a eleições antecipadas.

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A extrema direita e os líderes conservadores exigiram a convocação de eleições antecipadas, mas essa possibilidade não foi considerada "em nenhum momento, nem por um segundo", disse o porta-voz do chanceler, Steffen Hebestreit, nesta segunda-feira (10).

Os social-democratas do SPD registraram uma derrota histórica que poderá questionar a eventual nova candidatura de Scholz às eleições legislativas marcadas para o outono de 2025 (primavera no Brasil).

Com 13,9% dos votos, segundo os resultados provisórios, os social-democratas obtiveram o pior resultado em uma eleição nacional desde 1949, ainda pior do que nas eleições europeias de 2019 (15,8%), que já apresentaram um declínio acentuado em relação às eleições legislativas de 2021 (25,7%).

Assim, ficaram atrás dos conservadores (30%) e da extrema direita do AfD (15,9%), apesar de este partido ter sido alvo de vários escândalos recentes.

Os parceiros governamentais de Scholz, os Verdes (11,9%) e os Liberais (5,2%), também não se saíram bem.

Esta "coalizão de perdedores", como descreveu o jornal de centro-esquerda Süddeutsche Zeitung, alcançou resultados ainda mais desastrosos no leste da Alemanha, onde, em setembro, serão realizadas eleições regionais em três "länder". Nessas regiões, a extrema direita venceu por ampla margem no domingo.

- "Risco de paralisia" -

"Scholz esteve fortemente envolvido nesta campanha e não adiantou nada. Pelo contrário, talvez a sua forte presença tenha reforçado a tendência de queda" do SPD, observou o semanário Der Spiegel. "Depois desta derrota pessoal, ele deve dizer como quer continuar governando [...]. Caso contrário, o país corre o risco de uma paralisia", alertou.

Ao contrário do presidente francês, Emmanuel Macron, Scholz não reagiu aos resultados no domingo.

"Para Olaf Scholz, as palavras 'consequências' e 'grandeza' são chinesas, quando se trata do papel" de chefe de Governo, criticou o jornal conservador Die Welt.

"Emmanuel Macron mostrou o que significa aceitar as consequências [...] Olaf Scholz deveria fazer o mesmo. Um chanceler não pode pertencer a um partido que obtém um resultado de 14%", acrescentou o jornal.

Nesta segunda-feira, o conservador bávaro Markus Söder apelou à organização de eleições "o mais rápido possível" e a um "novo começo" para o país.

Scholz deve "abrir o caminho para novas eleições, em vez de governar por mais um ano contra uma grande maioria da população", disse a co-presidente da AfD, Alice Weidel, na rede social X.

Até agora, o SPD fechava fileiras atrás do seu líder, mas os resultados de domingo viraram o jogo. "Com 14%, ninguém tem o direito indiscutível de liderar o SPD", lançou o ex-líder dos social-democratas Sigmar Gabriel.

- O melhor candidato -

Entre os potenciais substitutos está o popular ministro da Defesa, Boris Pistorius. A questão de saber se será o melhor candidato para 2025 "voltará com força", considerou o Süddeutsche Zeitung.

Para os ambientalistas, o resultado mostra que o clima não mobiliza mais a população, depois de terem obtido quase 9 pontos a mais em 2019, quando alcançaram 20,5% dos votos.

"Há cinco anos, o combate à mudança climática era uma questão que permitia marcar pontos, agora é um fardo", confirmou Der Spiegel.

A coalizão de Scholz terá que enfrentar em breve as consequências do seu fracasso, já que as negociações para o orçamento de 2025 começarão no início de julho. Perante os cortes exigidos pelo ministro das Finanças, Christian Lindner (liberal), a batalha com os ambientalistas e os social-democratas parece complicada diante dos olhares dos eleitores, que no domingo expressaram seu cansaço com as disputas de poder.

E.Borba--PC