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Blinken em Israel para promover trégua na Faixa de Gaza
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu, nesta segunda-feira (10), em Israel, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, para impulsionar um plano de trégua com o Hamas em Gaza apoiado pelo Conselho de Segurança da ONU depois de oito meses de guerra.
Após uma primeira etapa no Egito e um encontro com o presidente Abdel Fatah al Sisi, Blinken chegou ao aeroporto de Tel Aviv, de onde se dirigiu a Jerusalém para uma reunião com Netanyahu que durou cerca de duas horas.
Blinken reforçou ao premiê israelense que "a proposta sobre a mesa abriria o caminho para acalmar a fronteira norte de Israel" com o Líbano e para "uma integração mais profunda" de Israel "com os países da região", segundo o Departamento de Estado americano.
Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução que apoia a proposta de um cessar-fogo em Gaza.
O texto, que contou com 14 votos a favor e a abstenção da Rússia, "saúda" a proposta de trégua e libertação de reféns anunciada pelo presidente Joe Biden em 31 de maio.
O documento também insta Israel e Hamas a "implementarem plenamente os seus termos, sem demora e sem condições".
O movimento islamista celebrou, por sua vez, o apoio do Conselho e sublinhou em um comunicado que desejava "reafirmar sua disposição para cooperar com os irmãos mediadores para estabelecer negociações indiretas sobre a aplicação desses princípios", fazendo referência às suas exigências, que incluem uma trégua permanente e a retirada das tropas israelenses do território palestino.
No Cairo, Blinken encorajou os países do Oriente Médio a "pressionarem o Hamas" para que aceite um cessar-fogo.
Esta é a oitava visita do secretário de Estado à região desde o início da guerra em 7 de outubro.
Apesar dos esforços, os mediadores no conflito, Estados Unidos, Egito e Catar, não conseguiram negociar uma nova trégua desde o cessar-fogo de uma semana em novembro que permitiu a libertação de reféns em troca de palestinos detidos em prisões de Israel.
- Divisão em Israel -
O plano de Biden, consultado pela AFP, contempla em uma primeira fase um cessar-fogo "imediato e completo", a troca de reféns por prisioneiros palestinos, a retirada do Exército israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e a entrada de ajuda humanitária.
Não está claro, entretanto, se esses esforços pela paz terão sucesso, dadas as divisões abertas no gabinete de Netanyahu.
A visita de Blinken ocorre um dia após o membro do gabinete de guerra israelense Benny Gantz, um político de centro rival de Netanyahu, ter renunciado ao governo, após ter exigido, sem sucesso, a adoção de um "plano de ação" para o pós-guerra em Gaza.
Para Gantz, a prioridade é a libertação dos reféns. Netanyahu, por sua vez, assegura que continuará o conflito até a destruição do Hamas, que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
No sábado, uma operação realizada pelas forças especiais israelenses permitiu a libertação de quatro reféns no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.
O Crescente Vermelho palestino acusou nesta segunda-feira o Exército israelense de ter utilizado um caminhão de ajuda humanitária para se infiltrar no campo, o que os militares negam.
O Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, afirmou que 274 pessoas morreram e 698 ficaram feridas na operação, que classificou como um "massacre" em uma área densamente povoada do território palestino. O número não pôde ser verificado de maneira independente.
Apesar dos esforços diplomáticos, a guerra não dá trégua. As operações israelenses continuaram nesta segunda-feira no norte, centro e sul do território.
- Ajuda humanitária -
A princípio, a renúncia de Gantz não deve provocar grandes mudanças políticas, pois a coalizão do governo conservador de Netanyahu mantém a maioria no Parlamento com o apoio das formações de extrema direita e ultraortodoxas.
Por sua vez, o Exército dos Estados Unidos anunciou no domingo que retomou o lançamento de ajuda humanitária por paraquedas na Faixa de Gaza, cujos 2,4 milhões de habitantes enfrentam o risco de fome aguda.
Washington havia anunciado na véspera o reinício das entregas de ajuda através de um cais temporário no centro de Gaza.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 37.124 palestinos, em sua maioria civis, morreram desde que a guerra eclodiu em 7 de outubro.
Naquele dia, milicianos do Hamas lançaram um ataque sem precedentes em território israelense, matando 1.194 pessoas, em sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
No ataque, 251 pessoas foram tomadas como reféns, das quais 116 continuam em Gaza, incluindo 41 que teriam morrido, segundo o Exército israelense.
O.Salvador--PC