Novos combates entre Tailândia e Camboja deixam 6 civis mortos
Novos combates entre Tailândia e Camboja deixam 6 civis mortos / foto: STR - AFP

Novos combates entre Tailândia e Camboja deixam 6 civis mortos

Novos enfrentamentos fronteiriços entre Camboja e Tailândia, que lançou ataques aéreos contra seu vizinho, ceifaram a vida de um soldado tailandês e de seis civis cambojanos, informaram fontes dos dois países.

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Com disputas fronteiriças de várias décadas, os dois países do Sudeste Asiático protagonizaram um conflito de cinco dias em julho, que terminou com 43 mortos e quase 300.000 deslocados, antes da entrada em vigor de uma trégua.

O cessar-fogo foi ratificado em um acordo no final de outubro, impulsionado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, mas foi suspenso pela Tailândia depois de algumas semanas devido à explosão de uma mina que feriu vários soldados.

Desde então, as duas partes relataram confrontos esporádicos na fronteira que se intensificaram no domingo e na segunda-feira.

Nesta terça-feira (9, data local), o Exército tailandês efetuou disparos contra a província fronteiriça de Banteay Meanchey, "resultando na morte de dois civis que viajavam pela Rodovia Nacional 56 devido aos bombardeios", indicou o Ministério da Defesa cambojano no Facebook.

Mais cedo, o ministro da Informação do Camboja, Neth Pheaktra, afirmou que quatro civis tinham morrido e outros dez ficaram feridos em ataques tailandeses nas províncias de Oddar Meanchey e Preah Vihear. Com isso, o número total de mortes de civis subiu para seis nesta terça.

O conflito provocou a fuga de milhares de civis dos dois lados da fronteira.

"O vilarejo nos pediu para sair e, com o que aconteceu em julho, obedeci imediatamente", declarou a tailandesa Tannarat Woratham, 59 anos, que abandonou sua casa no domingo a poucos quilômetros da fronteira com o Camboja.

"Muitos pensaram que o conflito havia terminado. Não deveria ter acontecido novamente", lamentou.

A disputa envolve uma divergência de mais de um século sobre as fronteiras traçadas durante o domínio colonial francês na região. Tanto a Tailândia quanto o Camboja reivindicam a soberania sobre vários templos antigos na região de divisa.

Na segunda-feira, a União Europeia pediu que os dois países "exerçam máxima moderação", enquanto o secretário-geral da ONU António Guterres solicitou que ambas as partes renovem "seu compromisso com o cessar-fogo" negociado no início deste ano, segundo o seu porta-voz.

Por meio da sua embaixada em Bangcoc, os Estados Unidos pediram que os americanos evitem qualquer viagem em um raio de 50 quilômetros da fronteira entre Tailândia e Camboja.

- Ataques 'de grande precisão' -

"Os ataques são de alta precisão e visam somente alvos militares ao longo da linha fronteiriça, sem impactar civis", afirmou Winthai Suvaree em comunicado.

Segundo o porta-voz, a ação foi uma resposta a ataques com armas de fogo das forças cambojanas que deixaram "um soldado morto e quatro feridos".

Por sua vez, a porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja, Maly Socheata, denunciou ataques de Bangcoc na manhã de segunda-feira em Preah Vihear e Oddar Meanchey e afirmou que as forças de Phnom Penh não responderam.

A porta-voz denunciou que um caça F-16 tailandês atacou as unidades cambojanas em Preah Vihear.

O Exército da Tailândia acusou as tropas vizinhas de disparar foguetes BM-21 contra áreas civis na província de Buri Ram, mas não relatou vítimas.

Em julho, o cessar-fogo foi alcançado com a mediação dos Estados Unidos, China e Malásia, este último país na qualidade de presidente da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Ao ser questionado sobre uma possível intervenção de Trump e sobre o apelo do primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim à diplomacia, o primeiro-ministro tailandês Anutin Charnvirakul respondeu que ninguém deve dizer a seu país para "agir com moderação ou parar".

"Já passamos desse ponto há muito tempo", insistiu o chefe de governo. "Se querem que as coisas parem, digam ao agressor que pare."

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M.Carneiro--PC