CBS é acusada de 'censura corporativa' após barrar reportagem sobre prisão de El Salvador
CBS é acusada de 'censura corporativa' após barrar reportagem sobre prisão de El Salvador / foto: Marvin RECINOS - AFP/Arquivos

CBS é acusada de 'censura corporativa' após barrar reportagem sobre prisão de El Salvador

A CBS enfrentou críticas nesta segunda-feira (22) após cancelar, de última hora, a exibição de uma reportagem do programa "60 Minutes" sobre a mega penitenciária salvadorenha, para onde o presidente Donald Trump enviou imigrantes sem documentos.

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O material, que seria exibido na noite de domingo, daria voz a venezuelanos expulsos dos Estados Unidos em março e levados ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) em El Salvador.

A prisão, símbolo da política de segurança do presidente Nayib Bukele, tem sido alvo de denúncias de torturas e violações dos direitos humanos.

A emissora informou que o segmento será exibido "em uma próxima edição" porque exigiria "informações adicionais". No entanto, segundo a jornalista Sharyn Alfonsi, que supervisionou a reportagem, a decisão teve motivação política. Ela afirma que Bari Weiss, editora-chefe da CBS News, bloqueou a exibição, apesar de o material ter sido aprovado pelos advogados corporativos.

Em um e-mail interno citado pela imprensa americana, Alfonsi escreveu que a reportagem "é factualmente correta" e que retirá-la após rigorosas verificações "não corresponde a uma decisão editorial, mas a uma decisão política". Para ela, ao não exibir um conteúdo já anunciado, "o grande público verá isso, com razão, como uma censura corporativa".

O caso ocorre em meio a grandes negociações no setor de mídia nos Estados Unidos. A CBS foi adquirida neste ano pela família de Larry Ellison, importante doador de Trump. A Paramount, controladora da emissora, foi comprada pela Skydance e agora busca adquirir a Warner Bros Discovery, em uma disputa bilionária que acompanha de perto o presidente republicano e que pode depender de aval regulatório.

Trump também tem histórico de embates com o "60 Minutes" e, meses atrás, a Paramount aceitou pagar 16 milhões de dólares (R$89 milhões) para encerrar um processo movido por ele, no qual alegava manipulação de uma entrevista com Kamala Harris.

Em resposta, Weiss disse ao The New York Times que o segmento será exibido "quando estiver pronto" e afirmou: "Reter histórias que não estão prontas por qualquer motivo - por exemplo, por falta de contexto suficiente ou por carecerem de vozes críticas - acontece todos os dias em todas as redações".

N.Esteves--PC